Muitos
estudiosos da Bíblia encontram um irreconciliável conflito entre Paulo e
Tiago acerca do que ensinaram sobre a fé e as obras. Paulo ensina que a
salvação é recebida pela fé e não pelas obras (Ef 2.8,9). Tiago, por
sua vez, ensina que sem obras a fé é morta (Tg 2.17). A grande pergunta
é: Existe alguma contradição entre Paulo e Tiago? Estão esses dois
escritores bíblicos em conflito?
A fé exclui as obras ou as obras dispensam a fé?
Precisamos entender que não há contradição nas Escrituras. Paulo e Tiago
não estão batendo cabeça. Eles estão falando a mesma verdade, sob
perspectivas diferentes. Paulo fala da causa da salvação e diz que somos
salvos pela fé independente das obras. Tiago fala da consequência da
salvação e diz que as obras é que provam a fé.
Tanto a fé como
as obras são fundamentais quando se trata da salvação. A fé é a raiz e
as obras são o fruto. A fé produz o fruto das obras e as obras procedem
da seiva que vem da raiz. A fé é a causa e as obras o resultado. Não
somos salvos por causa das obras, mas para as boas obras. Não praticamos
boas obras para sermos salvos, mas porque já fomos salvos pela fé. As
obras não nos levam para o céu, mas aqueles que vão para o céu, porque
foram salvos pela fé, serão acompanhados por suas obras.
Tanto a fé como
as obras procedem de Deus. A fé é dom de Deus. Não geramos a fé,
recebemo-la. As obras que praticamos são inspiradas pelo próprio Deus,
pois é ele quem opera em nós tanto o querer quanto o realizar. De tal
forma que não há espaço para soberba por parte de quem crê nem por parte
de quem realiza boas obras, pois tanto a fé como as obras vieram de
Deus e devem ser direcionadas para Deus. Nossa fé deve estar em Deus e
nossas obras devem ser feitas para a glória de Deus.
Deus mesmo
planejou nossa salvação e ele mesmo a executa. Ele mesmo é quem abre
nosso coração para crermos e ele mesmo nos dá poder para realizarmos as
boas obras que atestam a autenticidade da fé. A fé prova nossa salvação
diante de Deus e nossas obras diante dos homens. Deus vê a fé, os homens
as obras. Fé e obras não se excluem, completam-se. A raiz sem frutos
está morta; o fruto sem a raiz inexiste.
Aqueles que
defendem a salvação pela fé sem a evidência das obras laboram em erro.
De igual forma, aqueles que julgam alcançar a salvação pelas obras sem a
fé. É preciso afirmar com meridiana clareza que a salvação é só pela fé
e não pela fé mais o concurso das obras. Porém, a fé salvadora nunca
vem só. A fé salvadora produz obras. Não provamos nossa salvação pela fé
sem as obras, mas pela fé mediante as obras. As obras não são a causa
da salvação, mas sua evidência.
Concluímos,
afirmando que não há qualquer conflito entre Paulo e Tiago. Não há
qualquer contradição entre fé e obras. Não podemos confundir causa e
efeito. Toda causa tem um efeito e todo efeito é produzido por uma
causa. As obras não substituem a fé nem a fé pode vir desacompanhada das
obras. Fé e obras caminham de mãos dadas. Não estão em lados opostos,
mas são parceiras. Ambas têm o mesmo objetivo, glorificar a Deus pela
salvação. Somos salvos pela fé e somos salvos para as obras. Recebemos
fé e fomos preparados de antemão para as obras. Não há merecimento na fé
nem nas obras. Ambas vem de Deus. Ambas devem glorificar a Deus. Ambas
estão conectadas com nossa salvação. A fé nos leva a Cristo e as obras
nos levam ao próximo. A fé nos coloca de joelhos diante de Deus em
adoração e as obras nos coloca de pé diante dos homens em serviço. Somos
salvos pela fé para adorarmos a Deus e somos salvos para as obras para
servirmos ao próximo.