A comunidade internacional está preocupada com o programa nuclear iraniano e as vozes contrárias têm se tornado mais audíveis.
Estaria em andamento algo que a Bíblia já predisse no tempo de Jeremias?
Não é só Israel que tem medo do
Irã. As nações árabes igualmente temem o possível poderio nuclear
iraniano. A maioria dos principais países da ONU também vê com
desconfiança o comportamento descarado do presidente iraniano Mahmoud
Ahmadinejad. Ele poderia reagir de forma imprevisível e tornar-se ainda
mais ousado; o que colocaria o mundo todo em perigo. Já se fala em uma
“emergência no Irã” ou de uma “visão apocalíptica”.
Claus Christian Malzahn escreveu em Welt Online: “Quando
Mahmoud Ahmadinejad, o chefe de Estado iraniano, fala de Israel, não
consegue conter suas muitas ameaças sombrias. Ele fala do “regime que
mantém Jerusalém ocupada”, que “precisa ser erradicado dos anais da
História”. Israel seria uma “árvore podre, ressecada”, uma excrescência
que se alastra pelo Mediterrâneo como “bactérias nojentas” e que
escoiceia “como um animal selvagem”. Ahmadinejad quase não pronuncia o
nome desse país que considera a encarnação do mal – como se a simples
menção da palavra “Israel” já representasse um sacrilégio”.[1]
Os fatos concretos
O presidente iraniano inspeciona as instalações nucleares em Natanz.
Fato é que as nações têm
preocupação crescente com o programa atômico do Irã. Essa é a razão da
convergência de suas posturas e de suas ações mais duras em relação à
antiga Pérsia. Primeiro foram os EUA, o Canadá e a Grã-Bretanha que
impuseram sanções ao setores de petróleo e finanças do Irã. A esses
vieram se juntar logo os australianos. A União Européia embargou a
importação de petróleo iraniano. Os boatos de que Israel invadirá o Irã
tornam-se mais intensos. As vozes eventualmente contrárias a essas
medidas se calam. Da Inglaterra se ouve: “Precisamos contar com tudo e
nos preparamos para qualquer contingência”.[2] A base britânica em
Chipre deve ser fortalecida, bem como a proteção da Marinha Mercante e
de Guerra na região do Golfo. Considera-se a possibilidade da eventual
presença de submarinos equipados com mísseis de cruzeiro na área.
A ICEJ informou: “Os EUA não
querem que o Irã construa uma bomba atômica. “Para nós isso é uma linha
vermelha, e pelo visto também para os israelenses”, declarou Leon
Panetta, o secretário da Defesa americano. Ele não exclui a
possibilidade de um ataque militar”.[3]
No início de dezembro de 2011, o jornal Sonntagszeitung informou
sobre misteriosos “incidentes” no Irã. Jürgen Kröning escreveu: “Muitas
evidências mostram que há um bom tempo está em andamento uma “guerra
oculta” com o objetivo de barrar as ambições do regime
fundamentalista-xiita iraniano. Mas o ritmo dessa guerra secreta
intensificou-se nitidamente nas últimas semanas. Em Londres e em
Washington impera o silêncio (...) Mas os elementos de uma escalada são
facilmente identificáveis: sanções mais rígidas, que abalam a economia;
maior isolamento político e diplomático do país e, ao mesmo tempo,
ataques precisos a instalações nucleares no Irã. (...) Possivelmente são
os agentes do Mossad em ação, provavelmente também dos serviços
secretos britânicos e norte-americanos”.[4]
Uma profecia vem à mente
A situação atual lembra muito uma
profecia de Jeremias acerca de Elão. Elão ficava no sudoeste do Irã –
provavelmente na região onde hoje são produzidos os mísseis nucleares. A
capital de Elão era Susã (Dn 8.2), o local onde na época foi decidida a
matança dos judeus por Hamã e Assuero. Hoje o presidente iraniano não
faz segredo de seus planos de aniquilar Israel com seu arsenal atômico.
Jeremias disse acerca de Elão: “Palavra
do Senhor que veio a Jeremias, o profeta, contra Elão, no princípio do
reinado de Zedequias, rei de Judá, dizendo: Assim diz o Senhor dos
Exércitos: Eis que eu quebrarei o arco de Elão, a fonte do seu poder.
Trarei sobre Elão os quatro ventos dos quatro ângulos do céu e os
espalharei na direção de todos estes ventos; e não haverá país onde não
venham os fugitivos de Elão. Farei tremer a Elão diante de meus inimigos
e diante dos que procuram a sua morte; farei vir sobre os elamitas o
mal, o brasume da minha ira, diz o Senhor; e enviarei após eles a
espada, até que venha a consumi-los. Porei o meu trono em Elão e
destruirei dali o rei e os príncipes, diz o Senhor. Nos últimos dias,
mudarei a sorte de Elão, diz o Senhor” (Jr 49.34-39).
Esmiuçando a profecia sobre Elão
A
situação atual lembra muito uma profecia de Jeremias acerca de Elão.
Elão ficava no sudoeste do Irã – provavelmente na região onde hoje são
produzidos os mísseis nucleares.
• O Todo-Poderoso quebrará o arco de Elão, que se orgulha da “fonte do seu poder” (v. 35). Obviamente
os profetas sempre falavam a linguagem da sua época. Palavras como
reator atômico, míssil ou avião eram desconhecidas. Por isso, João não
falou de televisão ou de coisas semelhantes, mas de uma imagem que pode
falar (Ap 13.14-15). Hoje o “arco” e a “fonte de poder” do Irã poderiam
ser os eventuais mísseis nucleares na região de Elão.
• Deus enviará “os quatro ventos”
dos “quatro ângulos do céu” contra Elão (v. 36). Essas quatro direções
celestes indicam os quatro pontos cardeais. Isso significa que o Senhor
usará a comunidade internacional contra o Irã.
• Na seqüência haverá uma imensa onda de refugiados (v.36).
• Um grande pavor virá sobre a região e seus habitantes. Seu orgulho será quebrado e o falar altivo será humilhado (v.37).
• O Senhor executará juízo e porá
seu trono em Elão (v.38). Muitos exegetas vêem o cumprimento dessa
profecia na conquista pelos babilônios em 596 a.C. ou, mais tarde, pelos
persas sob Ciro em 539 a.C. A cidade de Susã tornou-se então a
residência do rei Dario. Mas William MacDonald relaciona essa profecia
com os tempos finais e escreve: “Os elamitas (persas) seriam dispersos
por toda a terra, mas o Senhor os traria de volta nos últimos dias. Deus estabelecerá seu trono em Elãono sentido de que governará sobre a nação em julgamento”.[5]
• Seja como for, na minha
concepção essa passagem bíblica alude ao final dos tempos, quando Senhor
fala que nos “últimos dias” mudará a sorte de Elão (v.39).
Não posso avaliar se essa
profecia já se cumpriu parcialmente no passado, se ela cabe em nossa
época ou será cumprida apenas em futuro remoto. Também estamos cientes
de que muitas coisas na Bíblia podem ter duplo cumprimento – mas o
contexto e a menção dos “últimos dias” falam por si mesmos.
Será que a comunidade mundial
apoiará Israel a atacar preventivamente o Irã para acabar com suas
ameaças? Também nesse aspecto vale a regra: o cumprimento da profecia é a
melhor explicação de um texto profético. (Norbert Lieth - http://www.beth-shalom.com.br)
Notas:
- Welt Online, 12/11/2011.
- Sonntagszeitung, 13/11/2011, p.10.
- ICEJ, 22/12/2011.
- Sonntagszeitung, 4/12/2011, p. 10.
- William MacDonald, Comentário Bíblico Popular do Antigo Testamento, p. 692.