Samuel, o profeta do SENHOR, instruiu
a Saul, o rei de Israel, para que destruísse totalmente o povo amalequita.
"Destruir totalmente", vem do original hebraico que
literalmente diz "colocar sob maldição". Essa maldição
envolvia dedicar cidades, pessoas, animais e propriedades ao SENHOR para
destruição (Deuteronômio 7:2-6; 12:2-3; 20:16-18). Embora esta prática fosse
severa, era uma punição justa decretada por Deus.
Amaleque era neto de Esaú (Gênesis
36:12,16; l Crônicas 1:36). Os descendentes de Amaleque, no tempo do êxodo dos
israelitas do Egito, haviam sido amaldiçoados por Moisés pelo mal que haviam
feito a Israel: "Lembra-te do que te fez Amaleque no caminho, quando
saias do Egito; como te veio ao encontro no caminho, e te atacou na retaguarda
todos os desfalecidos que iam após ti, quando estavas abatido e afadigado; e
não temeu a Deus. Quando, pois, o SENHOR teu Deus te houver dado sossego de
todos os teus inimigos em redor, na terra que o SENHOR teu Deus te dá por
herança, para a possuíres, apagarás o memorial de Amaleque de debaixo do céu;
não te esqueças." (Êxodo 17:7,14, Deuteronômio 25:17-19). Isso havia
acontecido quatro séculos antes, mas agora Deus instrui Saul para dar
cumprimento a essa maldição, destruindo os amalequitas.
Se esse povo continuasse em
existência, seria uma grande ameaça aos israelitas. Eles formavam bandos que
atacavam e destruíam outros povos, para levar os seus haveres e escravizar as
suas famílias. Foram os primeiros a atacar os israelitas quando entravam na
terra prometida, e os atacavam sempre que tinham a oportunidade. Os israelitas
nunca teriam paz enquanto os amalequitas estivessem lá. Sua religião era também
idólatra e corrupta. A única maneira de proteger Israel era destruir
completamente este povo, com seus ídolos.
Saul, obediente, convocou o povo e os
contou: duzentos mil homens de pé e dez mil de Judá. Eram trezentos mil de pé e
trinta mil de Judá quando havia começado a reinar (l Samuel 11:8) - seu
exército estava diminuindo.
Depois que os quenitas haviam saído,
Saul e seu exército atacaram os amalequitas, e destruíram todo o seu povo numa
área grande ao sudoeste de Israel no caminho para o Egito: de Havilá até Sur.
Sobre Havilá, Moisés havia escrito que havia ali ouro do bom e pedras preciosas
(Gênesis 2:12), enquanto que Sur foi o nome de uma grande área semi-deserta
onde foi morar Ismael: era onde o anjo encontrou sua mãe (Gênesis
16:7,25:16-18). Saul fora obediente até este ponto.
Lamentavelmente, porém, Saul tomou
vivo a Agague, rei dos amalequitas, e dos animais e objetos só destruiu o que
era vil e desprezível, poupando o que era bom e aproveitável.
Ao poupar animais e objetos
preciosos, Saul e seus soldados estavam fazendo exatamente o que os amalequitas
faziam aos outros, tornando-se assaltantes como eles. Ele deu a impressão que o
seu ataque tinha como finalidade saquear os amalequitas, e isto havia sido
proibido por Deus. Também salvou Agague, que, como rei, era o maior responsável
pela perversidade do seu povo, e merecia morrer mais do que qualquer um dos
seus súditos.
Desobediência "seletiva",
não é obediência. Pecar "um pouquinho só" porque nos traz vantagens
materiais ou outras, não é ser esperto: e só outra forma de desobediência. Por
exemplo: não nos é permitido consultar os médiuns. Se, desesperados por causa
de alguma doença, formos procurar cura no espiritismo, estaremos pecando.
Ao dizer a Samuel que se havia
arrependido de haver constituído rei a Saul, o SENHOR não estava admitindo que
havia se enganado, mas declarando sua tristeza com a desobediência dele (ver
Gênesis 6:5-7). Sendo onisciente, Deus não se engana nem muda os seus planos
(versículo 19). Ele apenas mudou sua atitude com Saul porque Saul mudou seu
comportamento.
Saul não mais pensava em agradar a
Deus, mas em satisfazer seus próprios desejos. Samuel também havia gostado de
Saul e queria que ele tivesse sucesso. Mas Deus agora rejeitou Saul: Samuel,
obediente ao SENHOR, teve que cumprir as Suas ordens. A desobediência de Saul
tinha que ser castigada.
Saul pensou que havia ganho uma
grande batalha sobre os amalequitas, e construiu um monumento para si. Que
orgulho!
Quando viu que a sua desobediência
tinha sido descoberta, Saul procurou transferir a culpa para o povo: mas, como
rei, ele era o maior responsável. Vemos aqui a fraqueza do seu caráter.
Saul ainda procurou justificar-se
mostrando-se muito piedoso: ele queria os animais mais excelentes para oferecer
em sacrifício ao SENHOR Deus de Samuel! Talvez Saul pensava que ninguém iria
perceber a sua mentira e assim não seria censurado. Pessoas desonestas logo
começam a acreditar nas suas próprias mentiras, e depois não sabem distinguir
entre o que e verdade e o que é mentira.
Aqui aparece a declaração "obedecer
é melhor do que o sacrificar", que aparece muitas vezes na Bíblia
(Salmos 40:6-8; 51:16, 17; Provérbios 21:3; Isaías 1:11-17; Jeremias 7:21-23;
Oséias 6:6; Miqueias 6:6-8; Mateus 12:7; Marcos 12:33; Hebreus 10:8, 9). Não
que Deus não se agrada de sacrifícios como ofertas a Ele, mas nada valem se
quem as faz não mostra seu amor primeiro pela obediência.
A rebelião e a obstinação são pecados
tão sérios quanto a feitiçaria e a idolatria e o culto a ídolos do lar. Foi por
isso que Saul foi agora rejeitado como rei, pelo SENHOR. É uma mensagem
importante para nós que nos chamamos filhos de Deus. 0 Senhor Jesus disse
"Vos sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando" (João
15:14). Ser desobediente a Ele é ser rebelde a Deus, e é pior do que
feitiçaria.
Saul se arrependeu, mas isto não lhe
deu o reino de volta. Como pessoa, Deus o perdoou e aceitou o sacrifício que
fez logo depois com Samuel. Isto era importante para que não perdesse a
confiança dos anciãos do povo.
Samuel executou ele próprio o rei dos
amalequitas, diante do SENHOR, retirou-se e nunca mais viu Saul até o dia da
sua morte.